Microsoft e o misterioso Projeto Midori !!!!

Se você nunca ouviu falar do Projeto Midori, não tem problema algum. A Microsoft sempre quis assim, até o seu amargo final.
Durante dez anos, esse projeto secreto nasceu, cresceu e morreu nas sombras. Sua meta era revolucionária dentro da empresa: criar um sistema operacional que não tivesse qualquer ligação com a família Windows.
O que se sabe é que ele deveria ser uma implementação do Singularity, um outro sistema operacional experimental da Microsoft onde o kernel, as aplicações e os drivers de dispositivo seriam todos criados com managed code. Singularity surgiu nos laboratórios do Microsoft Research em 2003 e foi estudado até 2010, quando foi abandonado totalmente.
O time montado para criar o Midori deveria pegar os conceitos do Singularity e criar um sistema operacional novo, do zero, inclusive aplicações. A Microsoft na época tinha um forte interesse em desenvolver um caminho evolutivo para fora do Windows nos últimos anos da era Ballmer.  No auge do projeto, ele chegou a reunir 100 profissionais. O futuro da Microsoft parecia estar sendo fabricado ali.
David Tarditi, um dos engenheiros envolvidos em seu desenvolvimento, explicou o Midori em seu LinkedIn:

- "Eu comandava a equipe de ferramentas para o projeto Midori, assumindo o time de 4 pessoas até um bocado de pessoas. Midori era um sistema operacional escrito inteiramente em C# que atingia uma performance comparável com a de sistemas operacionais de produção, menos os problemas de segurança e confiabilidade encontrados em sistemas operacionais escritos em C ou C++. Nós continuamos desenvolvendo o compilador Bartok utilizado no projeto Singularity de forma que ele poderia ser utilizado para escrever softwares de sistema com qualidade de produção em C#."
Entre esse grupo de notáveis, descobriu-se a presença de nomes como Leif Kornstaedt, um dos maiores especialistas de CLR dentro da Microsoft; Joe Duffy, autor do livro Concurrent Programming on Windows; Tanj Bennett, elo de ligação com o Microsoft Research e entusiasta de ‘Sistemas Operacionais no Futuro’; Chris Brumme, arquiteto de software também egresso do time de CLR; e Pavel Curtis, com 13 anos de experiência vindo dos laboratórios da Xerox. Também da Xerox, Daniel Lehenbauer descreveu seu trabalho no tal projeto misterioso como “o mais empolgante e revolucionário trabalho que já aconteceu na indústria desde o PARC”, em referência ao mítico Palo Alto Research Center, da Xerox.
Por volta de 2012, tudo parecia estar indo de vento em popa. Resultados secundários da pesquisa apareciam em convenções e artigos científicos, sempre mencionando o Midori de forma vaga. Indícios apontavam para aplicações rodando em modo sandbox, um novo navegador incrivelmente rápido, performance sem igual.
Após um novo período de silêncio, a Microsoft mudou. E começou a dança das cadeiras em sua infraestrutura.
No começo de 2015, Eric Rudder, aquele mesmo que uma vez foi apontado como sucessor de Bill Gates, saiu da empresa. Outra figuras-chave do projeto Midori já haviam saído também. Não é difícil entender o motivo: Windows 10. Depois de quase dez anos de desenvolvimento, era claro que Midori não seria o sucessor do Windows porque a Microsoft não tinha mais qualquer interesse em lançar outro sistema operacional fixo. A estratégia passou a ser oferecer serviço: o próprio sistema operacional se transformara em um serviço, uma plataforma unificada para diversos dispositivos, atualizável, modular, perpétua.
Comenta-se que a Microsoft aproveitou parte do que foi desenvolvido no projeto em partes do Windows 10. Nada se perde, afinal.
Para quem tem interesse nos aspectos técnicos do projeto, Joe Duffy publicou uma série de artigos em seu blog sobre seu trabalho dentro do Midori. Sobre o trágico destino do que poderia ter sido o sistema operacional que você utiliza hoje, Duffy escreveu:
Eu serei o primeiro a admitir que nenhum de nós sabia no que o Midori ia dar. Esse é o caso frequente com pesquisa. Meu maior arrependimento é que nós abrimos o código desde o início, onde a meritocracia da internet poderia julgar seus pedaços apropriadamente. Assim como em todas as grandes corporações, decisões sobre o destino da tecnologia central do Midori não foram totalmente conduzidas tecnicamente e, infelizmente, nem mesmo inteiramente conduzidas por negócios.

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